sábado, 24 de julho de 2010

Momento poesia

Rachado

I

Era tão fácil, a juventude foi-se num bocejo
Quanto mais próxima fico menos te vejo
Hoje, quase toda conversa é maçada
E eu fico pensando: "só quero ser amada"

Não há ódio, só cansaço, você tem de entender
É teu desprezo que toda noite me faz tecer
Findamos histórias e segredos, nada é eterno
Quero de novo atravessar o alvoroço interno

Nós sempre fomos simples, entregues e coerentes
Queria dizer um "te amo" soluçado por entre os dentes
Temos as nossas e outras vidas para clamar

E não há uma emoção forte para relembrar
Vamos descer a escada do tempo, vamos embora
Desculpa, mas não sou mais a pessoa que te adora

II

Eu sei que não temos nenhuma grande lição a dar
Contente-se com a resposta de quem vai te largar
Ainda temos uma única e mortal missão a cumprir
Foi tudo um esforço abandonado, desculpa admitir

O esforço nos separa, há outra coisa que nos junta
Cansa enfiar a coragem no coração de uma defunta
Prometo esquecer todas as manias e teorias
E com a ajuda dela sobreviver todo dia

É hora de revelar a explicação de você ser minha
Você nunca me chegou tão diferente e dançou uma valsinha
Não são promessas ou algo que lembre uma esmola

Pois diga logo isso que estanca e consola
O que tanto tentamos esconder e você não irá se opor

O nosso único e latente segredo, nosso amor.


Gustavo Henrique

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